quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Juventude, descrença política e alienação


Vote Chico Andrade 23023 – deputado distrital



A democracia, desde o o seu surgimento no período clássico grego até os tempos atuais, no que respeita ao conceito cívico sobre a sua utilidade e importância para o avanço das civilizações parece ter evoluído bastante, especialmente ao referirmos à sua abrangência mundial.

Todavia, quando nos debruçamos e deparamos sobre a participação efetiva das pessoas, dia a dia, nos problemas comunitários, das cidades e do país constatamos algo extremamente desanimador e perigoso: o estado de indiferença e descaso da maioria dos eleitores, que, nada obstante, terem razões de sobra para a desconfiança nos políticos tradicionais e em suas artimanhas de espertalhões, pouco contribuem para mudar esse quadro.

Isso, de fato, não é novidade, nem aqui e, provavelmente, ocorre em muitos países até de democracias mais avançadas e amadurecidas, nas chamadas nações mais desenvolvidas. Entretanto, um segmento que mundialmente já deu mostras de seu poder de mobilização e de transformação, os jovens, de modo geral, derrubando ditaduras, rompendo com velhas oligarquias, fazendo revoluções e alimentando esperanças novas, mais parece uma massa anêmica, e dá mostras de absolutamente descompromissada, diante do momento que vivemos.

Ora, embora os acontecimentos de Brasília possam ter, de fato, contribuído um pouco mais para essa, digamos, realienação, mas, meu Deus!, vamos ter de continuar escolhendo o presidente da república, os governadores, deputados e senadores, além de, nos municípios, os prefeitos e vereadores. Bom ou ruim, é assim a democracia... E ainda bem que, com todas as mazelas, vivemos numa democracia. Então, e ainda que pareça utopia se pensar assim, mas o que deveríamos fazer, era uma grande festa cívica, com a participação efetiva das pessoas, especialmente da juventude, por sua energia e capacidade de transformar.

Mas o que se vê, que me desculpem os poucos engajados e, quem sabe compromissados com o futuro de nossa cidade e país, é algo estarrecedor. Entrei numa festa dias atrás, para a qual havia sido convidado, era aniversário de um jovem, deveria ter cerca de umas oitenta pessoas, todas bastante animadas, bebendo a vontade, muita farra. Tuto bem, isso é normal, e entre os jovens mais ainda. O que desanima, é que estamos a cerca de um mês de eleger o novo presidente da república, novo governador, novos representantes legislativos, etc, e o que se observa é um comportamento não apenas da indiferença política ou do descaso, mas de completo alheamento, ao ponto de seus protagonistas se declararem mesmo apolíticos, de rejeitarem, a priore, o debate, como se o que estar por vir nada tenha a ver com eles. Parecem envergonhados, e quando alguém sugere uma pausa mínima para se falar do momento político, o assunto é , de pronto, rejeitado.

Aí, nos lembramos do poema do velho poeta que nos falou do analfabeto político. Então, será que não estamos formando uma geração assim parecida, cujos valores(?) são apenas os seus momentos de prazer e de pouco respeito com as suas próprias histórias? E se isso for verdade, se esta nova onda de alienação estiver mesmo se consumando de quem é a culpa? Claro que não é apenas deles, os jovens, mas, principalmente, de quem lá atrás deu exemplos outros, falou de sonhos, de mudanças, de engajamento etc, e hoje encastela-se nos palácios e engorda às custas do dinheiro público. Para muita gente, ou estamos vivendo um paraíso, onde “os nossos pobremas acabarium”, ou o limite de seus sonhos esgota-se na capacidade de encherem os bolsos. Que pena!

Amigos e amigas, não são todos os jovens que assim se comportam, é verdade, eu mesmo tenho na relação familiar, amigos nesta bela fase da vida, que dão exemplos animadores de que nem tudo está perdido. Mas, é duro dizer isto, a alienação e o desapego com o seu próprio futuro parece ser uma prática que se generaliza. Como faço política no sentido da recuperação da autoestima das pessoas, de todas as idades, esse quadro muito me preocupa, pois não acredito que alguma democracia, e precisamos dela como instrumento, para que a barbárie não volte a reinar entre nós, sobreviva sem a participação e o engajamento, o mínimo que seja, de seus jovens.

Para não continuarmos a reclamar dos maus políticos, dos oportunistas, ou para que daqui a pouco não fiquemos reféns de um retorno à idolatria, ao mito, porque é isto que uma nação despreparada e despolitizada, no limite, pode produzir, é preciso uma urgente retomada de consciência por todos, especialmente no sentido de se incentivar, seja por que meios for, a participação dos mais jovens na vida política ou cívica de nossas cidades e do país. Contudo, para isso precisamos oferecer outros exemplos, que não os da locupletação, do enriquecimento ilícito, do uso exagerado das máquinas governamentais em benefícios do grupo e dos partidos que governam, e termos muito, mas muito mais respeito com as pessoas e com o bem público.

Mudar o jeito de fazer política, não é romper com nossos melhores hábitos, mas assumir aquilo que chamamos de responsabilidades coletivas ou nos comprometermos também com as questões que embora diretamente possam não nos dizer respeito, logo logo podem nos custar muito caro.

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