quarta-feira, 2 de junho de 2010

Eleição de administradores regionais no DF ganha fôlego



De acordo com matéria publicada no site do Deputado Augusto Carvalho, o Plenário do STF decidiu pela constitucionalidade do dispositivo da Lei Orgânica que dispõe sobre a participação popular na escolha dos administradores regionais.

A despeito do aumento da desconfiança nos políticos e do maior desgaste por parte das instituições, após o episódio do mensalão do DEM, comandado pelo ex-governador afastado Roberto Arruda, e que veio a público a partir de fins de novembro de 2009, esta notícia serve de estímulo para aqueles que como eu lutam para tornar mais transparente e democrática a gestão da máquina pública em Brasília.

Pior que a desconfiança é manter as administrações regionais como moeda de troca para políticos de baixa qualidade ética e moral e cabide de empregos para cabos eleitorais subornados. No modelo de eleição de administradores que defendemos, inclui-se a escolha também de um Conselho Comunitário, algo igualmente já previsto na Lei Orgânica, a ser composto por pessoas oriundas de cada cidade satélite e não-remuneradas.

O que precisamos de vez entender, é que os males da vida pública e os problemas da baixíssima qualidade dos políticos em Brasília e no país como um todo, não se originam nas instituições ou apenas no modelo operacional do estado, mas, e sobretudo, decorrem de uma renitente falta de apetite de participação cívica por parte da maioria das pessoas, que por isso, contribuem para a permanência desse tipo de políticos lacaios, desonestos, populistas e, quase sempre, desapegados do que deveriam ter como norte, o sentimento e o conhecimento republicano.

Reformular os instrumentos de nossa democracia é um dos caminhos para buscarmos melhorar a qualidade da gestão pública, instituindo-se, por exemplo, a intermitência de mandatos, de modo que nenhum parlamentar possa se reeleger mais que uma vez para o mesmo cargo, bem como o estabelecimento do voto distrital misto e da eleição em listas.



O consumo como ideologia(?)



É fato que vivemos uma crise ideológica ou a falta dela, após os acontecimentos que derrubaram os governos autoritários e chamados de socialistas em fins dos anos 1980 e inicio dos 90 do século passado. Também, ainda não se provou ser exatamente necessário se “ter uma ideologia para viver”, como quis dizer um artista de nossa MPB no passado recente.

Entretanto, o que salta aos olhos no comportamento social generalizado da chamada sociedade pós-moderna é meio assustador, no que respeita especialmente a desmedida sede de consumir, num mundo cujos recursos naturais são finitos e cujas condições de clima e temperatura parecem a cada dia reclamar mais dos ataques desenfreados contra a natureza e o meio-ambiente.

Só como exemplo dessa sanha consumista, o jornal Correio Braziliense publicou matéria ontem (01-06), dando conta de que Brasília têm 4,2 milhões de celulares ligados, o que representa – levando-se em conta o número da população em 2009, de 2,6 milhões de pessoas – o percentual de 1,6 linha de telefonia móvel por pessoa. A matéria repercute o assunto entrevistando uma pessoa de classe média baixa, que afirma possuir três aparelhos, e justifica a sua necessidade...

Esse é apenas um dos inúmeros exemplos que, se desejarmos, vamos encontrar atualmente nas relações de consumo de nossa sociedade. E Brasília, conforme já afirmamos e provamos várias vezes neste espaço, continua a “bem representar” esse aspecto terrível da desigualdade e do enviesado modo de viver de muitos brasileiros, pois concentra o PIB per capta senão o mais alto, um dos maiores, e ao mesmo tempo estampa o maior índice de desigualdade social do país.

Então, afirmando que nada tenho contra o progresso tecnológico e contra a ascensão social, muito pelo contrário, saliento os perigos de se ir concebendo um modo de vida absolutamente alienado da real situação de nosso país, com padrões de consumo irreais e destoantes por completo da preocupação que deveríamos devotar à natureza e à uma vida econômica, social e culturalmente mais compartilhada e numa perspectiva mais solidária e justa.

Não sou daqueles que vive a lamentar aquilo de, de fato, nunca existiu, ou seja, o apego à velhas e muitas vezes, falsas verdades ou ideologias “libertadoras”. Todavia, nada até o momento me convenceu de que a vida deve ser levada apenas à base do que se pode alcançar e comprar, como se isso nos bastasse como seres humanos. O que temos observado e com tristeza, é uma grave crise de falta de identidade e de perspectivas, o que talvez faça aguçar ainda mais entre os jovens, principalmente, a idéia de que, o que nos resta é apenas o consumo e o viver agora...

Algo que, quem sabe, nossos cientistas sociais logo possam nos explicar, mas não nos parece que as coisas, os problemas sociais – e são tantos – tenham se resolvidos. Nada obstante relevantes avanços sócio-econômicos obtidos nas últimas duas décadas, à custa de políticas de transferência de renda e de acertos na política econômica dos últimos governos, muito ainda há que ser feito para nos livrarmos da pecha de um dos países mais desiguais do mundo, e, conforme temos mencionado, Brasília, a nossa bela capital, tem representado isso com maestria...

Vamos refletir sobre tudo isso, na esperança de, de verdade, nos libertarmos das recentes alienações que este aparente mundo novo tem nos inspirado. E a educação política é, entre outros, o caminho para, além do viés meramente consumista, melhor nos posicionarmos como cidadãos mais inteligentes.

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