Passados os primeiros efeitos do desastre político patrocinado pelo ex-governador Arruda e seus amigos e vivido pela nossa cidade a partir de fins do ano passado, caminhamos agora para uma eleição das mais difíceis e delicadas, se considerarmos especialmente o quadro atual das pré-candidaturas colocadas ao governo.
De um lado, se articula sem disfarçatez alguma e sob o olhar permissivo da Justiça, o coronel do cerrado Joaquim Roriz e sua turma de conhecidos oportunistas. De outro parece se organizar aquilo que até recentemente soava inacreditável, do ponto de vista de uma falsa dicotomia criada na cidade, nas disputas entre PMDB e PT. Quem não se lembra das ferrenhas contendas entre os “vermelhos e azuis”, o que denotava uma pobreza e limitação política absurda, haja vista que, no fundo, as diferenças eram muito poucas.
Afora isso, resta pouco provável que ainda possa surgir uma outra composição ou candidatura com possibilidades efetivas para o pleito de outubro, haja vista a necessidade de formação de estruturas e, sobretudo, a baixa qualidade da política no Distrito Federal, conforme vimos afirmando.
É um quadro pouco animador, para uma cidade que viveu o drama de um governador preso, deputados distritais escondendo dinheiro sujo nas meias e dançando a dança do deboche e as centenas e centenas de denúncias envolvendo quase todos os deputados e figuras públicas da cidade, independentemente dos partidos.
Esperava-se, no mínimo algumas iniciativas suprapartidárias e do conjunto da sociedade civil em busca da apresentação de mais e confiáveis opções ao eleitorado brasiliense. Até porque, ao que tudo indica e pelo lamaçal que já começou, de denúncias e suspeitas de envolvimento em ilicitudes ou tramoias políticas, das figuras que até agora foram apresentadas quase nenhuma está livre ou limpa.
Que pena! E isso é resultado exatamente do vexaminoso quadro político que nos foi legado, das práticas clientelistas e demagógicas, de representantes de duvidável capacidade e caráter, de figuras alçadas ao mundo da política apenas pelo viés e oportunidade financeira que a política infelizmente oferece, em detrimento do quesito primordial do compromisso moral e republicano com a cidadania e com a sustentabilidade de nossa cidade. Será que vamos voltar aonde a última crise estourou?
Brasília, seus moradores e a crença de pessoas que lutam para tirá-la das páginas policiais não merecem ir para um processo eleitoral aonde o resultado já surge tão pobremente previsível. E ganhe quem ganhar...
Vamos torcer que um milagre aconteça e alternativas de candidaturas mais palatáveis e confiáveis civicamente apareçam para fazermos um debate realmente mais sério e abrangente sobre a cidade e sobre o nosso futuro como seus habitantes e cidadãos.
Um comentário:
Também acho uma pena, meu caro hico, será que as pessoas decentes de nossa cidade não se dão conta do que está em jogo e do que já passamos?
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