quinta-feira, 11 de março de 2010

No reinado de Lula o popululismo pavimenta um caminho perigoso para a democracia

A cada episódio de intervenção da  política externa brasileira nos últimos anos que relacione direitos humanos e democracia, têm-se a idéia de que Lula não nasceu politicamente exatamente em circunstâncias de lutas contra a ditadura em nosso país.  E o modo como opera as relações com seus amigos mais chegados (Hugo Chaves, Fidel e sua família, Evo Morales e, mais recentemente o novo ditador disfarçado do Irã, Ahmadinejad)  demonstra um viés altamente perigoso para o país e sua tradição de contribuição para a paz e a harmonia entre os povos.

Todavia, não bastasse a infeliz coincidência da visita que fez à Cuba no mesmo dia em que um cidadão morria em greve de fome, protestando contra a ditadura e o desrespeito aos direitos humanos naquele país, sem um mínimo gesto, agora Lula abre a boca e compara os novos grevistas  de consciência e pela democracia em Cuba a bandidos comuns do Brasil. Isso não pode passar apenas como mais um dos absurdos do senhor da popularidade cínica,  que parece querer se eternizar a qualquer custo no Brasil.

O respeito aos direitos humanos, tal como quis demonstrar no seu PNDH - cheio de pegadinhas autoritárias -, foi e deve ser a base fundamental da nossa formação cívica, independentemente de nossas opções ideológicas, haja vista que, somente na democracia a mais plena, temos as condições ideias para vencer as alienações e nos livrarmos dos subterfúgios autoritários de governos ou facções que não medem esforços para se manterem no poder.

Tivéssemos nós, de fato, uma sociedade civil forte e não capitaneada pelos favores da corte, já cá estaríamos nas ruas a protestar contra tamanha afronta à democracia e à história de boas atuações da diplomacia brasileira.  O lulismo - forjado num pragmatismo exagerado e sustentado na herança alienada da ignorância que nos foi  legada pelas elites de antes -  parece não enxergar nada disso, posto ser realimentado por uma falsa sensação de proteção de classe. O maior perigo do populismo se esconde aí...

A esse respeito, vale a pena ver um entre tantos bons artigos publicados nos últimos dias, que abaixo disponibilizo para compartilhamento, assinado pelo jornalista Clovis Rossi, no jornal Folha de São Paulo de hoje.

Ignomínia:: Clóvis Rossi


SÃO PAULO - É uma ignomínia, uma completa ignomínia, a coleção de absurdos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou a respeito de Cuba, em entrevista à agência Associated Press.

Seria ignominioso em qualquer pessoa decente, mas se torna exponencial no caso de Lula, porque seus conceitos contra os dissidentes cubanos em greve de fome e a favor da ditadura acabam sendo uma condenação a seu próprio passado.

Ao equiparar a motivação (política) dos dissidentes a uma eventual ação similar dos criminosos de São Paulo, Lula está se declarando um ex-delinquente. Afinal, ele fez greve de fome, que agora repudia, e por motivos políticos.

Lula diz que é preciso "respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de deter as pessoas em função da legislação em Cuba".

Por que, então, não respeitou determinações da Justiça e do governo brasileiro no tempo em que era um líder sindical?

Pela simples e boa razão de que determinações de um poder judicial totalmente subordinado ao governo -e um governo ditatorial- não merecem respeito dos democratas. Nem aqui nem em Cuba.

A menos que Lula ache que há "boas" ditaduras e ditaduras "más".

Não há. O que há são valores universais: liberdades públicas, respeito aos direitos humanos -enfim, democracia. São princípios que organizam a convivência, os únicos decentes que o ser humano inventou até agora.

Em sendo assim, não há como discordar do preso político Guillermo Fariñas quando diz, como o fez a Flávia Marreiro, desta Folha, que Lula demonstrou seu "comprometimento com a tirania dos Castro".

Uma tirania que fez de Cuba o museu do fracasso do socialismo real, só louvado por três ou quatro intelectuais de quinta, que, sem público em seus próprios países, vêm à América Latina lamber as botas de tiranos e tiranetes de opereta.

4 comentários:

Robert disse...

É meu caro Chico, do jeito que vai, sem uma reação organizada da sociedade, vamos acabar no meio campo do time das repúblicas autoritárias a la Chaves. ...

Willian disse...

Fora Lula, Fora Chaves e uma aposentadoria de um salário mínimo para Fidel e sua família....

Anônimo disse...

Por que não te calas, Lula.... Chega desse falastrão da falsidade.

Anônimo disse...

Por que não te calas, Lula falastrão....cadê a justiça eleitoral ´para 9impedir a campanha antecipada que vem fazendo.