Há pouco mais de quatro anos conheci algumas pessoas dessa comunidade religiosa, se assim se pode dizer, quando mudei-me para a casa que sigo construindo em Arniqueiras, e que tive a felicidade de conhecer dois casais, dos quais me tornei vizinho e amigo. Eles chegaram ao Brasil por volta do inicio da década de 1980, vindos do Irã, antiga Pérsia, de onde saíram fugidos da perseguição, da discriminação e do fundamentalismo religioso praticados pelo novo governo que assumia aquele país, de maioria islâmica.
A partir de então, já fui convidado para vários eventos dos Bahá'is, desde a comemoração do seu ano novo, que celebram, se não me engano no mês de março, à data de nascimento de seu líder, Bahá' u lláh, dia 11 de novembro.
Na quarta-feira (11) que passou, estive pela segunda vez, no ato comemorativo de nascimento do líder Bahá'u lláh, que independente da questão meramente religiosa, lembra muito figuras contemporâneas como Ghandi, Madri Tereza de Calcutá, ou da nossa Irmã Dulce, do Brasil, além de outras personalidades que no mundo lutaram pela paz e pela unidade dos povos abnegadamente.
Mas a história de Bahá' ulláh e de seus ensinamentos chama a atenção especialmente no contexto de um mundo envolto em competições armamentistas, permeado por gerações de civilizações apegados em demasia à vida material, a chamada sociedade do consumo, que parece muito pouco ter aprendido de lições que personagens como este e tantos outros se esforçaram para disseminar, no sentido de se observar a importância da construção de outros pilares para uma humanidade mais generosa e para o surgumento de uma civilização unificada e reconciliada consigo e com a paz mundial.
Segunda a fé Bahá'i, seu líder teria sido um outro profeta, que teria recebido sua função espiritual a partir de Jesus. Bahá'i u lláh representa para os seguidores de seus ensinamentos o mesmo que Maomé constitui para o mundo muçulmano, por exemplo. Todavia, sob o ponto de vista espiritual ou filosófico, e numa perspectiva de assimilação ocidental, teria este a diferença e a primazia de seus preceitos, por serem investidos da generosidade e da tolerância, ao contrário do fundamentalismo que muitas religiões pregam, algumas das quais, incumbindo à “Alá” a presunção do terror como instrumento de sua peregrinação e fé.
Neste mês de novembro comemora-se também, em todo o mundo, 20 anos da queda do muro de Berlim, fato que, sob o ponto de vista dos que lutam e acreditam num mundo sem violências, e sobretudo sem misérias, sem manipulações e sem opressões, de qualquer tipo, há mesmo que ser celebrado. Mas não basta uma recordação comemorativa apenas, se as sociedades organizadas em todos os continentes não se derem conta de que afinal, tantos outros muros ainda estão aí vergonhosamente à espera de ações corajosas, generosas e pacifistas, como o muro da pobreza, do abandono e do analfabetismo das várias nações africanas, o muro das imensas desigualdades sociais e dos preconceitos que ainda imperam em vários lugares, inclusive entre nós, no Brasil, o muro das alienações e da falta de cidadania, algo que também muito nos caracteriza, e que nos faz refém do império midiático e das diversas manipulações.
Quando penso em tudo isso, sobretudo nos conflitos de natureza socioeconômica em nosso país, decorrentes que são de uma história permeada de atrasos e vínculos sectários que herdamos das elites autoritárias passadas, é que agradeço a oportunidade de conhecer pessoas como os Bahás'is, de princípios tão condescendentes com o seu próximo e com a possibilidade de alcançarmos um mundo plural, mais tolerante e justo. Obrigado amigos!
Um comentário:
Esta é uma luta que merece o engajamento firme das pessoas em todo o mundo, ou seja, de desmistificar o uso indevido, ou como você diz, o fundamentalismo religioso.
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