Além de ter as tarifas mais caras do país o transporte público no Distrito Federal também é dos menos suficientes.
Cerca de 1 milão e cem mil usuários do transporte público no Distrito Federal e cidades adjacentes do entorno, como Planaltina de Goiás, Aguas Lindas de Goiás, Valparaizo, Cidade Ocidental, Novo Gama e Luziânia, sofrem não apenas com o desconforto dos ônibus, que apesar do incentivo governamental para a renovação da frota, continua deficiente e absurdamente caro.
O metrô aumentou suas tarifas somente no último ano em 50%, já as passagens dos ônibus urbanos e semiurbanos chegam a custar entre R$ 4,50 a R$ 5,55, conforme matéria publicada nesta data pela jornalista Mariana Flores, no Jornal Correio Braziliense.
São absolutamente insuficientes as argumentações já corriqueiras dadas pelos empresários do setor, de que, por exemplo, as distâncias são longas, os trechos a percorrer são ermos, entre outras desculpas. O que tem de ser levado realmente em conta na relação do governo com o empresariado dos transportes públicos é que, em qualquer lugar do mundo, e sobretudo, em cidades de países com o perfil socioeconômico semelhante ao do Brasil, de persistente pobreza e de um ainda grave quadro de desigualdades sociais, é a adoção de políticas que não se prendam apenas à questão de resustados, mas de um serviço público prestado com mais respeito e qualidade aos milhares de seres humanos que dele dia-a-aida dependem.
Mais ainda, conforme outras áreas já melhor contempladas com políticas de subsídios, os transportes públicos, por sua abrangência social, deveriam sim merecer uma outra visão dos governantes em nosso país.
Os protestos que vêm se sucedendo ultimamente por parte de usuários de várias regiões do entorno, como os ocorridos em Águas Lindas e mais recentemente em Planaltina de Goiás, representam o descaso histórico das autoridades tanto do estado e municípios goianos, quanto do DF, no trato desta renitente questão social. A mudança da capital para cá, estava previsto, traria como consequência demandas diversas e mudanças de hábitos no comportamento das populações vizinhas. E não dá para proibir as pessoas de procurarem em Brasília uma oportunidade melhor de vida, já que por tanto tempo governantes e legisladores foram absolutamente irresponsáveis no quesito planejamento e em pensar o futuro do país e da migração interna.
Por isso, é demasiado injusto se verificar decisões de autoridades judiciais baseadas apenas em aspectos técnico/jurídicos, em detrimento da dura, mas necessária realidade social que Brasília representa para estas populações.
Creio que os governos, bem assim as outras autoridades da república, principalmente no trato de uma matéria tão sensível quanto é o transporte público, precisam agir, senão com benevolência, mas com um mínimo de percepção humana desta nossa situação social renitentemente perversa.
É hora da cidadania entrar em campo uniformizada nem que seja de compaixão...
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