segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Brasil na crise de Honduras

A crise política de Honduras já se arrasta há quase três meses, quando o presidente eleito Manoel Zelaya, ao tentar sobrepor a Constituição  e realizar um plebiscito para mudar as regras do jogo e  se reeleger presidente, foi deposto e mandado para fora de seu país.

As primeiras reações da maioria dos governos foi de condenar o que muitos já chamam de contra-golpe, com o arranjo feito, segundo as normas internas Hondurenhas, para empossar o presidente do Parlamento, Micheletti.

O governo brasileiro nos primeiros momentos parece ter agido corretamente, condennando o ataque à democracia de Honduras, ainda que o ato de deposição tenha sido feito, segundo constitucionalistas e especialistas na região, de acordo com os preceitros constitucionais e referendado pelos demais poderes constituídos.

O problema que se discute agora é a participaçãodo Brasil neste episódio, com o abrigo dado pelo governo brasileiro e com a clara ajuda de Hugo Chaves, ao retorno de Zelaya, que usa do espaço autônomo da embaixada para suscitar seus partidários à insurreição.

É uma situação das mais complexas, contudo, vai ficando cada vez mais clara a submissão do governo Lula aos desatinos e desejos hegemônicos orientados por Chaves, ainda que concordemos em repudiar qualquer espécie de ditaduras. Aliás, se fosse mesmo para  agir contra governos autoritários, talvez o presidente Lula devesse fazer uma série de reparos em sua política externa, especialmente no trato generoso e pouco soberano que deu aos epísódios da desapropriação da Petrobrás pelo governo do Equador, da imposição de rompimento de contrato do governo Paraguaio, na questão de Itaipu, e mais outros...

Creio que este episódio sirva, para além de colocar o Brasil numa situação perigosa, também para que, de fato, façamos uma discussão mais desapegada ideologicamente, sobre qual o papel histórico do Brasil em conflitos internos de outros países. Pois são nítidos os sinais de que o senhor Hugo Chaves, antes golpista asssumido, agora travestido de herói de um suposto novo socialismo nas Américas, deseja com seu projeto envolto num neo-nacionalismo, conduzir a região para um cenário político que muito dificilmente se sustentará com a democracia política que vimos construindo.

Então, amigos, se é para ter coragem e romper com dogmas e impedir novas mentiras ideológicas às custas  de velhas manipulações, deveríamos sim lutar contra todas as tentativas golpistas, a começar pelo perigoso caminho que o Sr. Hugo Chaves vem conduzindo seu país e sua indevida interferência   nas políticas de governos vizinhos, principalmente naqueles que não  tem tido uma postura democrática clara e que confundem um apego desmedido pelo poder com uma suposta nova perspectiva socialista, que de socialisto mesmo só guardam a afinidade com as ditaduras de partido único e o desrespeito aos direitos humanos e às liberdades.

Talvez a Comissão criada na Câmara dos Deputados para averiguar de perto a situação da embaixada brasileira transformada  em abrigo ou sei lá o que para a retomada do poder por Zelaya, pudesse antes de se dirigir ao país hondurtenho, pedir as devidas explicações ao governo brasileiro sobre qual tem sido seu papel neste enviezado e ardiloso jogo que parece vem sendo muito bem comandado por Hugo Chaves, que aliás, já lançou sua candidata à sucessão de Lula:  Dilma Roussef.

Para os que defendem o invencionismo e as maluquices pseudo-ideológicas de Chaves na região seria como uma grande promoção de supermercado: vote em Dilma e eleja Hugo Chaves. Olha como estamos evoluindo rápido e perigosamente para o futuro...

Diante desse cenário recheado de desvios e de veladas intrenções manipulatórias só nos resta recorrer ao lema de sempre: só a educação política, somente o pleno exercício da cidadania nos salvarão de ciladas políticas como a que ora estamos vivendo.



2 comentários:

Aristone disse...

Meu caro Chico;desculpas, mais desta vez não posso concordar com você. Acontece que o plebiscito proposto por Zelaya sequer seviria a ele.possível até que servisse à oposição. Agora imaginar que o Brasil está a serviço do Chavez, Ai é ir loge demais. o que esta em jogo é a liderança do Brasil na região, fato esse inadimissível pela imprensa conservadora e golpista como a nossa. que é sempre a favor do golpe guando o governo é contrarios aos seus interesses, com já tentaram várias vezes contra o presidente Lula. agora no caso de Honduras é melhor você dá um olhada pra ver que está por trás do golpe.

Rafael disse...

Gostaria de apresentá-lo o jornal A Nova Democracia. Uma publicação de caráter popular, democrático, nacional e anti-imperialista, que tem como objetivo levar a verdade para as amplas massas oprimidas de nosso povo.

http://www.anovademocracia.com.br/