Após 15 dias de abatido pela maior das crises políticas já vividas por Brasília e, talvez, pelo país, e aparentemente abandonado até por seu próprio partido, o DEM, que encontrou um modo mais palatável de defenestrá-lo, com a desfiliação involuntária, o governador Arruda tenta dar sinais de normalidade em seu deslegitimado governo.
Publicamente, a maioria dos partidos que compartilhavam o banquete da corte debandaram, restando apoios isolados de figuras políticas pouco consistentes e de lideranças ainda não satisfeitas com o volume dos escândalos e o teor da vergonha e da traição.
Entretanto, é preciso ter cuidado nesta avaliação, pois nos passos que dá Arruda buscando respirar, o faz sim, apoiado numa parcela envergonhada e silenciosa de apadrinhados e beneficiados por seu governo até o estouro da boiada. Os casos de pessoas participando das manifestações de protesto na cidade contra o mensalão em defesa de seu chefe dão bem o tom de como esta crise ainda está imbricadamente longe do fim.
Contudo, a nós, a imensa maioria dos cidadãos de Brasília, muitos dos quais, inclusive, apoiadores do projeto que vinha sendo desenvolvido, pela crença na seriedade e utilidade de seu conteúdo para a cidade, não cabe outra atitude que não a de continuar lutando e acumulando toda a força possível para mandar o senhor Arruda e aqueles que ainda teimam em desrespeitar a cidadania irem embora de vez do cenário político do DF.
E ocasiões como esta, a despeito de todas as suas horrendas e desgastantes consequências são importantes para se medir aquilo que chamamos de grau de consciência crítica ou de alienação das pessoas. Não é que, pouco a pouco aqueles que só aprenderam a fazer política pensando no seu próprio bolso ou no máximo num emprego para a família e amigos chegados vão deixando cair esta desonrosa máscara? E eles ou elas – são homens e mulheres comuns e convivem no meio de nós – já não se importam em soltar asneiras do tipo: “ah gente, isso é normal, política é assim mesmo”; ou “O que ele fez não é pior do que o que Lula comandou, por isso vou continuar apoiando, e se se candidatar, voto nele novamente”. Ah meu Deus, é duro isso!!!
Vejam, amigos e amigas, que quando inauguramos este espaço defendendo o que chamo de educação política, apesar de não me considerar nenhum vidente, tinha exatamente a noção de que sem esse investimento pedagógico e consciente do que são e para que servem nossas instituições republicanas, da importância da alternância no poder, da transparência e do respeito com o dinheiro público, de não apenas parecer ser uma boa figura pública, mas apresentar-se como tal, caminharíamos para o completo desinteresse e descrença na democracia e em suas instituições, algo perigoso e que, de resto, não se resume apenas ao Brasil, mas que entre nós cresce e se torna larmante.
Por isso, retomo daqui essa que considero meio que uma idéia de pregação, no sentido da sua importância para a defesa e consolidação da democracia em nosso país, qual seja, a de educar constante e permanentemente com os olhos voltados para o desenvolvimento de uma outra consciência cívica, entendendo como tal, a participação incessante de cada um e de todos nas ações que se referem à vida pública de nossas cidades e do país. Essa participação, todavia não pode mais se dar sem um espírito crítico mais depurado, que resguarde o ideal verdadeiro do que é o agente político ou do governante democrático, sem prevaricar e sem mentir com o sentimento das pessoas e na gestão do patrimônio público. Somente assim, poderemos nos candidatar a nos tornarmos de fato dignos de também governarmos as cidades onde moramos e o país, mas para fazer uma governança para a melhoria efetiva da vida das pessoas, e não para o enriquecimento ilícito, ou para se locupletarem em descaradas ilicitudes.
Não podemos mais nos contentar em ficar a condenar as más ações dos políticos ou de figuras de partidos que não são os de nossas preferências, se não temos a coragem de condenar, e, também, criticar e publicizar as mazelas e luxúrias políticas daqueles que, circunstancialmente apoiamos. A política para ser aceita como instrumento de mudanças - não como entendem e agem a maioria dos nossos deputados distritais – deve ser praticada em modos absolutamente diferentes dos quais até o momento eles exercitaram, geralmente agindo na surdina e em proveito próprio, usurpando de nossa confiança e dilapidando com os recursos públicos para o seu próprio enriquecimento. A política não pode ser entendida como um meio de vida, mas como um meio para modificar e melhorar a vida das pessoas e das cidades.
E se refletirmos um pouquinho sobre tudo isso, vamos encontrar motivos de sobra para irmos às ruas e dizer em alto e bom som: Arruda e seus amigos de mentiras FOOOORA! Deputados distritais vendidos e indecorosos FOOOOORA!
Vamos aproveitar mais esta oportunidade e reinventar também nossos critérios de avaliação para construirmos outras plataformas políticas e de uma cidadania saudável e duradoura em Brasília e no país. Arruda e seus amigos não têm mais legitimidade alguma para continuarem no GDF, diante da repetição de cenas como o recebimento direto de propina e agora das suspeitas também de enriquecimento ilícito. A solução para a cidade só virá se amparada nesse pressuposto que é mais que um imperativo político, da exigência de apresentar-se com decência no trato das coisas públicas. Vamos fazê-lo enxergar isso!
4 comentários:
Pois, apesar de tudo, eu continuo achando que o Arruda está fazendo uma ótima administração, obras por todas as cidades do DF, escola em horário integral, etc... tentando minimizar os estragos feitos pela administração anterior que favelizou o DF, deixou a cidade de Brasília ilhada, e hoje temos aumento de criminalidade, engarrafamentos gigantes, tudo por conta de políticas populistas e retrogradas. Ninguém governa sozinho e infelizmente apoio político, nesse nosso País, sempre precisa ser comprado porque são todos uns corruptos.
Pois, apesar de tudo, eu continuo achando que o Arruda está fazendo uma ótima administração, obras por todas as cidades do DF, escola em horário integral, etc... tentando minimizar os estragos feitos pela administração anterior que favelizou o DF, deixou a cidade de Brasília ilhada, e hoje temos aumento de criminalidade, engarrafamentos gigantes, tudo por conta de políticas populistas e retrogradas. Ninguém governa sozinho e infelizmente apoio político, nesse nosso País, sempre precisa ser comprado porque são todos uns corruptos.
Meu caro Anônimo/conivente,
O que estamos discutindo neste momento, e é o que está em jogo, não é mais se Arrudas vinha fazendo um bom governo ou não, mas a sua postura; sua indecência pública. Nunca podemos ser coniventes com quem dilapida o patrimônio público e, muito menos com quem tari e mente, e pela segunda vez. Se a solução for comprar apoios, para que lutamos por democracia, meu caro?
Êta, que têm muita gente gostando dos panetones do senhor Arruda Durval Barbosa Mas, gente, a questão agora é de se Brasília precisa dessa roubalheira toda para sobreviver. Por favor, quem defende comprar apoio tá no mesmo nível desses corruptos todos. Basta!
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