Não sei se me encontro agora mais constrangido ou muito indignado, diante da crise que, a julgar pelas notícias da mídia e pelos ataques dos adversários políticos, se instalou de vez na Secretaria de Saúde, sem que seus responsáveis ofereçam as devidas explicações ao público.
E para os amigos que não entenderam o estado em que me encontro, explico: é que a Secretaria de Saúde do Distrito Federal hoje, sem a minha concordância, já que não fui convidado a opinar sobre tal empreitada, é dirigida por membros de meu partido o PPS. E, até que provem o contrário, continuo acreditando na rigidez moral, na honestidade e na integridade de princípios do companheiro Augusto Carvalho, atual secretário da pasta, pessoa com quem praticamente iniciei minha militância política, no movimento sindical bancário, no início dos anos 80.
Enquanto as denúncias concentravam-se no viés político/partidário, e numa perspectiva mais ou menos clara de tirar proveito pólítico, de desgastar um opositor tradicional agora investido em vidraça, vá lá, pensava eu, isso é normal, estão tentando ganhar terreno, já que as eleições estão se aproximando. Mas parece que esta crise ganhou outros contornos, principalmente a partir da matéria publicada esta semana pela revista Carta Capital, sob o título "O embuste dos Kits", pela qual denuncia um conjunto de atitudes obscuras, envolvendo a aquisição de equipamentos de uma empresa de Goiânica, menciona desconfiança de pessoas ligadas ao Secretário Augusto, e sugere suspeita a aplicação de recursos da Saúde no BRB, inclusive sugerindo a possibilidade de formação do famigerado caixa dois.
Eu realmente somente hoje é que pude ler a citada matéria, ainda que desde terça-feira (22), houvesse escutado pela CBN, um debate já muito intrigante sobre o assunto.
Mas o que, de fato, ora me deixa atordoado e meio sem-jeito, é pensar que nós do PPS, que temos pautado nossa militância e buscado agir, senão como o PT, cujos militantes no passado forjaram-se na falsa ilusão de arautos da honestidade, da moral e dos bons costumes - e vejam no que se transformaram depois dos mensalões e tantos outros escândalos - mas evidenciando uma postura crítica, fiscalizadora, e de afirmação da decência no trato da coisa pública, entretanto, seja lá por que motivos, permitimos agora que nos igualem a uma situação eticamente tão rebaixadora e suspeita. E o que é pior: sem nenhuma resposta, seja à opinião pública, que merece uma explicação plausível, seja ao conjunto dos filiados do partido, que dia-a-dia estão nas ruas e são cobrados pelos atos de quem age em nome do PPS.
Repito que, afora desconhecer as razões do promotor do Ministério Público do DF, Jairo Bizol, e possíveis provas das suspeitas levantadas pela reportagem da Revista Carta Capital, e também os argumentos do Conselho Nacional de Saúde, ainda acho que têm muito da disputa política neste ninho pouco cheiroso. Entretanto, isso é muito pouco, para justificar o silêncio de quem está sob acusação de tão pesadas denúncias e, sem que possamos entender, até o momento não oferece as necessárias respostas.
Faço daqui um patético apelo, já que sou apenas um membro do Diretório Regional do PPS no DF, mas no sentido de que nossos companheiros da Secretaria de Saúde dêem com a máxima urgência as devidas explicações e apresentem provas contundentes de que as suspeitas levantadas pela reportagem de Carta Capital não passam de maldosas insinuações. Vou mais além, peço que o Ditretório Regional do nosso partido reuna-se extraordinariamente até o início da próxima semana para discutir o assunto e para que possamos, nós os militantes, ter condições de conteúdo e conhecimento para repercutir contrariamente esse terrível momento com a opinião pública.
Respostas precisam ser dadas, senão nossa postura e discurso até aqui praticado não terão passado também de meras palavras...E aí, vamos precisar bem mais do que uma cara constrangida para falar de ética e de decência.
2 comentários:
Confio no trabalho da atual pasta da Secretaria de Saúde, mesmo com tantos percalços e problemas decorrentes. Acredito que basta ainda um engajamento no sentido de esclarecer a população os reais fatos dos últimos dias ou até que sejam comprovadas as verdadeiras causas, e se verdade que punam-se os culpados. Pensar que onde há fumaça há fogo, nesse momento não pode ser o melhor refúgio para os adversários, que tentam montar um quebra-cabeças e assim conseguir o objetivo que nada menos é a conquista de legendas e poderes políticos para as próximas eleições. Sabemos e não concordamos às vezes com algumas atitudes mas entendemos que todos somos iguais e passíveis de punição igualitária.
Chico,
As irregularidades denunciadas na revista precisam ser apuradas e se houver dolos que os culpados sejam punidos. Sou filiado ao PPS/DF e também não comungo com práticas obscuras, porém reafirmo que antes é preciso apuarar e sinceramente espero que nosso Deputado Augusto Carvalho - Secretário de Saúde do DF e nosso Presidente do PPS/DF, Fernando Antunes, Subscretário de Saúde do DF, pessoas integras e sérias, dêem imediatamente as explicações para a sociedade. Como cidadão não aceito a condenação prévia dos envolvidos sem o sagrado direito de defesa.
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