Há cerca de um mês e pouco, em visita a amigos no mercado do Núcleo Bandeirante, deparei-me com um cidadão digno, de fato, de ser assim chamado.
Ele é comerciante de produtos de mercearia, uma pessoa que, consoante nossas velhas práticas preconceituosas, parecia nada ter a ver com as questões políticas da cidade. Mas, cometi um engano no pensamento. Ao puxar uma conversa rápida sobre os problemas locais, o que, em seguida, discorreu para as ações dos nossos deputados distritais o senhor logo foi apontando os "desatinos e desvios" que, na sua opinião, os parlamentares do DF cometem.
Na verdade, o comerciante recorreu à uma caderneta, na qual anota uma série de ocorrências negativas protagonizadas pelos distritais - propostas feitas e não cumpridas, mal uso do dinheiro público, uso indevido de funcionários, votações contrárias aos interesses populares, venda de votos, e por aí afora...
Em seguida, ele abria mais adiante seu caderninho, com nomes de parlamentares dos quais faz cobranças, citando que se lembra perfeitamente em quem votou nas últimas eleições e protestando contra a falta de participação das pessoas para se impedir que tais políticos ainda povoem o Parlamento local.
O mais interessante: ao contrário do que se poderia supor e esperar, o nosso honrado comerciante-cidadão, disse que apesar de todos os problemas, considera necessária a nossa Câmara Legislativa, acrescentando que, o que falta, "é consciência nas pessoas" para se mudar a maioria de seus atuais ocupantes e fazer daquela Casa uma instância real de poder e representação do povo.
Esse é um belo e inequívoco exemplo da importância da educação para a cidadania, e de que devemos nos esforçar para não enxergar nas pessoas, a priori, aquilo que nossa mente ainda preconceituosa e refratária ao civismo como bem comum, muitas vezes, ainda assim pensa.
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