quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Submissão: uma lição que o PT não podia acatar

A despeito de uma história preconceituosa e sectária vivida por nós da esquerda que não éramos do PT, na origem de nossa militância, algo com o que creio já ter rompido, não sou daqueles que não reconhece as muitas contribuições que esse partido já deu - mesmo nos seus equívocos, como no passado fez o velho PCB - para a construção da democracia e para as lutas de emancipação de nosso povo tão sofrido e para a superação das desigualdades em nosso país.
E é por conta do reconhecimento dessa história que hoje me sinto entristecido, tal qual me encontrei quando se estamparam as denúncias do mensalão e de outros graves desvios éticos e morais, nos quais o PT e muitos de seus militantes de peso estiveram envolvidos, mas estrategicamente negados por seu lider maior, o presidente Lula.
Que é difícil se encontrar um partido neste país que tenha as mãos limpas, no quesito da moralidade e da decência, é. Mas creio que o presidente Lula não tinha o direito de fazer o que está fazendo com a história do PT e com a esperança aguerrida de sua renitente militância... Pressionar, apequenar, desconhecer deliberadamente os fóruns de deliberação de seu partido como fez o presidente, é uma atitude antes de mais nada desrespeitosa, seja a que pretexto for. Pior ainda, sabendo-se que essa indecente e afrontosa atitude veio para salvar o clã Sarney, aliado ao que de pior e mais fisiológioco hoje existe na políticaq brasileira.
Quero, desta maneira, me solidarizar com o que sobrou da militância petista ética e solidária, com aqueles cuja ação, assim penso, não se dava apenas a base da retórica.
A fala do senador Flávio Arns, a saída melancólica da brava senadora Marina Silva, o desespero, por não ter a coragem de deixar o partido, do senador Mercadante, são o retrato de um partido que no passado recente considerava-se símbolo de uma organização livre, autônoma e de esquerda, que fazia de sua luta uma perspectiva, ainda que, muitas vezes, pouco consistente, mas de esperança na política como arma de mudança e de libertação.
Lula, por melhor que faça e por mais apoio popular que reuna - e muitas coisas têm feito contra a miséria e os preconceitos em nosso país -não podia jogar no lixo a história de uma organização que ainda podia superar muitos de seus descaminhos para deixar outro legado ao nosso povo, que não o da submissão e do mandonismo populista que deu-se a praticar. Que pena!.

Nenhum comentário: