quarta-feira, 5 de agosto de 2009

No país do cinismo, Sarney, o coitado... Fooooora Sarney!

*Chico Andrade

Um achincalhe, antes do desrespeito cometido contra uma geração que foi às ruas para tirar do trono um presidente que se tornou simbolo da corrupção e do destempero. Assim foi a infeliz cena de Collor apontando o dedo para nossa cara, como descreve o jornalista Nelito Fernandes, da Revista Época, de hoje.

E pasmem, o presidente Lula, depois daquela pérfida encenação de loucura ainda parabeniza Collor. Sim, é isso mesmo, o mesmo Collor que quando de seu passado ético, Lula e seu partido ajudaram a tirá-lo da presidência.

Mas, convenhamos, o presidente Lula, que nunca soube nem viu nada de errado do que seus companheiros de partido faziam, nos episódios do mensalão e nas outras seguidas denúncias de corrupção, agora está sendo é extremamente coerente, ao se sentar à direita de Maluf, Jáder Barbalho, Renan Calheiros, Fernando Collor e José Sarney; afinal de contas, todos têm algo em comum: nada fizeram de errado. Senão vejamos: o Maranhão, depois de 50 anos de domínio do clã Sarney, não resta como o estado mais atrasado e pobre do país, e este senhor nunca se locupletou do poder, não é mesmo?

Fernando Collor, o equilibrado, foi apenas um pobre injustiçado, que Lula e o PT hoje recuperaram para o bem da ética e do decoro na República; Renan, ora bolas, este é um senhor intocável, e sua riqueza tão subitamente acumulada é apenas um detalhe. Jáder, coitado, o povo do Pará bem o sabe, teria sido também outra vítima da imprensa, ou quem sabe, dos que não gostam dele e de Lula, como gosta de dizer Sarney.

E Maluf, meu Deus, por onde será que anda? Parece que a imprensa, esta perseguidora dos benfeitores, arrumou de novo outra denúncia vazia contra ele, não é?
Ainda bem que, nada obstante a “boa divisão” do grande bolo do dinheiro da publicidade que este governo tenta fazer, resta-nos a decência de alguns jornalistas e de poucos veículos de comunicação.

Os jornais de hoje trazem, como vêm tentando fazer desde que estouraram os escândalos de Sarney e sua trupe, artigos, notas e editoriais repercutindo a desvergonha e a podridão em que essa gente transformou o Senado da República, com o a defesa indelével de Lula e a concordância imposta(?) do PT. Leiam: Correio Braziliense, “Lula parabeniza Collor”; Revista Época, “O dedo de Collor está na nossa cara”; Folha de São Paulo, “Imagens do lodaçal”; O Estado de São Paulo, “O fermento da podridão”.

Não, amigos, foi um pesadelo, ver Collor de olhos esbugalhados, dizer, quase rosnando, aqueles destemperos ao senador Simon. Foi deprimente, presenciar Renan Calheiros utilizar-se do mais baixo e vil estilo de fazer política para tentar calar um homem, que ainda que viessem a dizer algo contra ele, nada, imagina-se, poderia chegar perto da ausência de caráter e de vergonha desses senhores da resistência de Sarney. Aliás foi mesmo assustador, principalmente para quem se lembra que o avô de Collor, em tempos passados atirou em um colega seu em plenário.
É nisto que se transformou o senado da República de Lula. E será este indecoroso legado que vai nos legar: o legado do descaramento e da canalhice políticas.

“Minha gente”, cadê a indignação, onde está a cidadania? Ontem, ao menos os companheiros do PSTU, do Conlutas, se atreveram a protestar no Congresso. Parabéns companheiros! Vamos insistir na luta contra esse lamaçal de desvergonha... Quem sabe a UNE acorda e alguns dirigentes sindicais se descolam das ordens de seu rei e vêm junto...

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