domingo, 28 de junho de 2009

A história da família "Sarney", da propriedade privada e do Senado

*Chico Andrade
Talvez seja a hora e vez da dialética, como explicação e saída para a crise que arrasta a instituição que foi, depois das Câmaras de Vereadores, o embrião do poder legislativo no Brasil e, por consequinte, da democracia.
E como contraponto ao indevido apoio que o presidente Lula insiste em oferecer ao seu aliado de fé, José Sarney, deveríamos, para o bem da cidadania, empreender uma ampla campanha em defesa do Senado e da democracia, pedindo insatalação de CPI, afastamento de todos os envolvidos e a mais profunda investigação dos fatos.
Onde estão nossos movimentos sociais (UNE, Sindicatos, OAB, ONGs que defendem a transparência e a democracia, e partidos políticos sérios)? A campanha, ao invés das palavras de ordem já manjadas do "Contra", poderia ser , por exemplo, Basta de Oligarquias no poder! Ou, "Vamos limpar o Congresso Nacional"!
Sobre o assunto, reproduzo abaixo, artigo de Fernando Gabeira:
Futuro do Senado
Fernando GabeiraDEU NA FOLHA DE S. PAULO
RIO DE JANEIRO - Após os escândalos das passagens, numa entrevista à revista "Época", previ que o Congresso caminhava para um grande desastre.
De um lado, o avanço inevitável da transparência; de outro, um arranjo institucional que não sobrevive a ela. E dirigido por líderes com experiência de imprensa regional, quase sempre de sua propriedade.A vitória de Sarney, articulada por Renan Calheiros, iria marcar o fim de uma época, na qual, durante alguns anos, eles reinaram. Um velho e experiente funcionário do Senado me diz agora que essa análise é precária. E chama atenção para o que houve no espaço interno, burocrático.
No principio, eram 300 funcionários. Abria-se uma sessão às 13h, que era encerrada às 14h. E começava uma sessão extraordinária. Todos tinham direito a uma gratificação e subiam para receber o seu dinheiro em espécie.Este processo dispendioso não foi combatido pelos senadores. Ao longo do tempo, fizeram milhares de novas indicações. Assim criou-se uma miríade de novas possibilidades de aumentar a renda. O que era um sistema de um grupo virou um processo de massas com 7.000 funcionários, número muito superior às necessidades. Portanto, o problema não são apenas os senadores, ou apenas os funcionários, mas o tipo de aliança que construíram.Como desatar esse nó num jogo tenso, com tantas denúncias?
A transparência em si apenas revela e intensifica a crise. Para que seja vencida, é preciso uma ação articulada, ainda que levada pela minoria. Numa batalha dessa dimensão, quase ninguém sairá ileso. Mas os ferimentos, certamente, compensarão o serviço que se presta ao país.A tarefa existe. Não há santos? Que a realizem os pecadores. A história registra vários casos.
Daí um discreto otimismo, mesmo com a inferioridade numérica.

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