
* Chico Andrade
Mais de duas semanas se passaram ante um intenso debate promovido pela mídia (Correio Brasiliense, emissoras de Tvs e Rádio), cujo resultado final bem mostra o quanto a população vem se dando conta da importância de seu papel nos destinos de Brasília.
O arquiteto Oscar Niemeyer, em companhia de altas personalidades da nossa República, como a do governador Arruda e do presidente Lula, com o devido respeito a todos, ao defender ardorosamente como vinha fazendo, a construção da Praça da "Soberania” - mais um monumento faraônico a enfeitar a capital dos desiguais - vinha embarcando numa canoa furada.
E voltamos exatamente ao ponto de onde paramos no nosso último artigo publicado neste blog, “Brasília, o paraíso das desigualdades”, no qual abordamos enpassant, alguns dos perversos aspectos que fazem da cidade cada dia mais segregada e de sua classe dominante mais apartada de sua realidade.
Convenhamos, desembolsar quase por esnobe milhões e mais milhões do orçamento público, e não interessa se vinha ajuda federal ou não, para erguer uma praça ou monumento para reverenciar a memória de ex-presidentes em nome de nossa soberania é, no mínimo, zombar de nossas consciências, ante o histórico de problemas sócio-econômicos e a pobreza ainda prevalecentes em nosso país.
Monumentos ocos de concreto, neste instante, pelo menos, conforme ficou provado na rejeição demonstrada pela população em suas várias manifestações de repúdio, é exatamente algo de que não precisamos mais. Já talvez nem fosse mais necessário apontar a quantidade incontável de demandas por investimentos governamentais na estrutura urbana e social da cidade, ou das nossas cidades, principalmente as cidades satélites, remanso do apartaide social candango. Por que não pegamos esses milhões e reequipamos os postos de saúde e hospitais públicos? Por que não destinarmos um pouquinho só dessa nota preta que queriam enterrar em canteiros de vaidades para reformar as Escolas Públicas, as delegacias de Polícia, para a construção de estacionamentos no centro de Brasília, e para implementar de uma vez por todas a tão falada integração do metrô? E que tal a construção de centros de convivência para idosos carentes e mães solteiras vítimas da violência e da pobreza e para apoio a menores e moradores de rua?
Aqui vai um grito despretensioso e desapegado da visão urbanística e da arquitetura, pois não é disso que se trata. Todavia, acredito, nada pode ser feito no espaço urbano da atualidade sem que se leve em conta os hábitos, o poder aquisitivo, as vivências e conseqüências de qualquer decisão para o conjunto de seus habitantes, que são em tudo muito diferentes.
Outra prova de que o diálogo decorrente do enfrentamento e da participação cívico/político, seja lá qual for a demanda, foi o resultado da polêmica sobre a permissão para o desfile carnavalesco do Galinho de Brasília no eixinho Sul. Não tinha cabimento se privar e punir a imensa maioria de suas poucas e raras tradições culturais por conta da arruaça de alguns e da incompetência de outros, inclusive de governos, quando, na verdade, sabemos, o assunto era uma questão de entendimento, ou talvez, mais ainda, de tolerância.
É isso amigos, a cada dia vamos dando passos importantes no rumo da afirmação da cidadania. E tudo isso é política também, e não apenas aquilo que a maioria dos nossos deputados distritais fazem, ao transformarem a Câmara Legislativa num claro balcão de negócios.
Uma cidade mais justa e mais igualitária é nosso objetivo, mas para isso todos devemos participar...
*Chico Andrade; Clique em "Visualizar meu perfil completo" neste blog.
Um comentário:
É isso aí Chicão!!! Meus parabéns por esse belo espaço para debates, que em breve, tenho certeza, se tornará uma referência para todos que desejam modificar a realidade da nossa cidade. Estarei acompanhando sempre. Muito sucesso!!! Gustavo (Saulo)
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